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Arquitetos: Arquitetos Associados
- Área: 742 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Pedro Sales
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Serra do Cipó, localizada na região central de Minas Gerais, é famosa por suas cachoeiras, formações rochosas e sua diversidade florística impressionante. Foi exatamente a vegetação de um terreno em particular que chamou atenção de cinco casais, praticantes de escalada e amantes da natureza, que compartilhavam o sonho comum de construir uma vila para passarem o final de semana. A futura vila teria o nome de Iapó, “rio de raízes” em tupi, possivelmente o nome original da região.
O projeto teve como base alguns princípios inegociáveis, construídos coletivamente com a equipe de arquitetura. O primeiro e mais importante dizia respeito à implantação das cinco habitações e do espaço de uso comum, que deveria respeitar integralmente a presença das várias árvores de médio e grande porte, mesmo que para isso fosse necessário criar um ordenamento mais heterodoxo entre os volumes. A cuidadosa definição dos níveis de implantação respeitando a topografia, equilibrando cortes e aterros, fez com que o mínimo de terraplanagem precisasse ser feita, mais uma vez privilegiando a presença das árvores no terreno.
O segundo princípio estava na solução arquitetônica das cinco casas. Sua volumetria foi definida a partir de ações projetuais que privilegiaram a sustentabilidade ambiental, articulando-a com as questões funcionais, construtivas e estéticas das casas. Os lados maiores dos volumes foram dotados de vedações duplas, com tijolos cerâmicos do lado externo e blocos de concreto do lado interno, o que criou uma condição de inércia térmica excelente para essas superfícies que recebem a maior incidência solar.
Essa solução também garante uma condição adequada para as instalações prediais e gera maior privacidade entre uma casa e outra. A segunda estratégia foi criar a possibilidade de aberturas quase totais nas faces menores do volume, garantindo uma ótima condição de ventilação natural cruzada. Por fim, a adoção de uma cobertura de uma só água inclinada para os fundos aumenta a altura da abertura frontal das casas, favorecendo a ventilação natural.
Também era um princípio fundamental do projeto a racionalização de recursos naturais por meio do aproveitamento das águas pluviais e do uso da energia solar. Os planos de cobertura funcionam como grandes coletores de águas pluviais, direcionando-a para um sistema de condutores, gárgulas e reservatórios de tratamento e aproveitamento.
Além disso, o sistema de coletores solares para aquecimento de água garante economia significativa de energia elétrica. Por fim, a adoção de materiais construtivos e mão de obra local garantiu a redução significativa dos impactos com o transporte de materiais e pessoal até o canteiro. A ideia de uma obra de baixo impacto favoreceu a preservação da flora e fauna local e contribuiu para um processo de construção com o mínimo de interferência na vida cotidiana dos vizinhos.
A Vila Iapó materializa a possibilidade de conciliação entre a construção e uso das edificações de um lado e o respeito e o cuidado com a preservação ambiental do outro. Um caminho possível para a difícil transformação de uma ideia tão repetida, mas ainda tão difusa como a sustentabilidade ambiental em práxis cotidiana